Pedro Rego
Estilo e "cunho pessoal" na fotografia!
Atualizado: 9 de set.
Em fotografia, tal como em tudo, todos nós temos formas diferentes de abordar os assuntos a fotografar, formas diferentes de interpretar e ver diferentes situações e de utilizar a fotografia, como meio artístico ou documental, para expressar essas tais formas de interpretação. No seu conceito mais básico, o "estilo" de um fotógrafo começa a ser alicerçado pela percepção quase inata daquilo que é a fotografia para a pessoa que está atrás da máquina. Há quem goste de documentar, há quem goste de criar imagens compostas, há que prefira o preto e branco, outros preferem a cor, outros ainda um misto. Há quem goste de seguir as regras fotográficas, há quem goste de as quebrar...há quem prefira linhas simples, há quem goste de composições fartas. Há quem goste de sobre-expor as imagens, há quem as sub-exponha....Bom...e há ainda quem o faça sem saber que está a sobre-expor, ou sub-expor...

O Cunho pessoal que incutimos às fotografias começa aqui....na nossa primeira percepção, na nossa primeira visão e aquilo que primeiramente o cérebro e o instinto nos diz para fazer quando confrontados com uma situação fotográfica.
Avançando e ultrapassando o conceito básico desse tal "cunho pessoal", vem a descoberta e o estudo sobre as diferentes formas de correntes artísticas e da forma como interpretamos a "arte em si".
Depois de alguns acertos e muitos erros, aprendemos que há mais para ver na arte e na fotografia que a nossa própria visão. Aprendemos mundos novos, na forma de enquadrar, na forma de realçar as cores e sobretudo, na forma de interpretar a luz....E sem nunca perder o nosso estilo próprio (pois senão estaríamos pura e simplesmente a imitar e não a criar), começamos a pincelar o nosso cérebro com conhecimento. Ainda que não seja absolutamente essencial, é extremamente importante, para quem queira melhorar a sua técnica fotográfica que estude e observe outras formas de criar.

Não pretendo com este texto entrar num campo de debate alargado sobre a arte e sobre a sua interpretação e importância, apenas que sirva de nota introdutória sobre o tema em si, desafiando o aprofundar da matéria a quem lhe despertar mais curiosidade.
Quando comecei a fotografar, pouca ou nenhuma noção tinha de estilos fotográficos, de tendências, de técnicas fotográficas aliadas à arte contemporânea, ou não. Aliás, a bem dizer, nessa altura, nem sequer conseguia entender bem esse conceito do "cunho pessoal" nas fotografias. Estava no conceito básico, no início de um treino do sentido da visão e da interpretação. Até que um dia, alguém me disse: "Vi esta fotografia, nem precisei de ir ver que a tinha feito, sabia que era tua." Incrédulo perguntei: "Porquê?", a pessoa respondeu: "Não sei explicar, é como se já reconhecesse as tuas fotos sem ver." Ainda hoje acho que essa pessoa estava só a ser simpática e muito provavelmente foi apenas o efeito sugestivo de quem segue o trabalho de alguém com mais proximidade...!

Mas o certo é que a partir desse momento, comecei a questionar-me e a tentar perceber de onde tinha vindo aquilo. Teria eu um "cunho pessoal" nas fotos? Bom, claro que teria, eram feitas por mim. Mas o que é que as distinguia, o que é que nós fazemos que distingue as nossas fotografias das demais? Comecei a tentar estudar e a perceber melhor o que era isso de estilos, de "cunhos", de tendências.
Hoje vou-vos transcrever uma mensagem que recebi há dias atrás, de uma pessoa amiga:
"...Para além dos teus dotes fotográficos espanta-me como consegues apanhar tão bem a "expressividade animal..."

E volto a achar que há uma enorme dose de simpatia nas palavras, mas fiquei feliz ao lê-las. Primeiro porque se tenho algum cunho pessoal, é exatamente esse, o de tentar que nas minhas fotos haja uma interação grande entre o animal fotografado e a pessoa que vê a foto e que, mais que a técnica fotográfica envolvida, que no seu conjunto, a fotografia possa criar um afecto, que possa criar uma ligação com a pessoa que a vê e que a pessoa possa, de uma certa forma, teletransportar-se para aquele local, para aquele lugar, para aquele momento. Isto não é específico meu, pois muitos dos fotógrafos de vida selvagem, têm exatamente este propósito e procuram estes objetivos. Depois porque, mesmo sem querer seguir um estilo, ou movimento artístico acabam por se gerar algumas tendências na forma de fotografar e na tal forma como abordamos a fotografia.
À medida que aprendemos vamos interiorizando mensagens e ideias que nos são depois apresentadas de forma muito subliminar por parte do cérebro, na hora de criar. Entendo que seja qual estilo que estudemos, góticos, renascentistas, surrealistas, ou movimentos como o cubismo, o expressionismo e muitos outros, todos contribuem para um aprofundar de conhecimentos que se materializam na hora de compor uma fotografia.

Assim que, este artigo, para além de vos transmitir a minha experiência pessoal no processo de "crescimento e evolução em fotografia", vem também "espicaçar" aqueles que pretendem evoluir um pouco nesta arte, para que aprofundem conhecimentos artísticos de forma a valorizar as suas composições. Treinem, estudem, entendam e....criem!! ;)